Um dia frio, um bom lugar pra ler um livro

De bobeira em casa, já que o clima não ajudou muito hoje, fui assistir "O Leitor". Que denso! Se você ainda não assistiu e curte coisas densas, pode pegar na locadora, baixar da Internet ou sei lá o quê. Sem querer estragar o filme, deixe-me falar de algumas coisas que estão borbulhando na minha cabeça.

Não existe nada tão forte, tão puro, tão lindo quanto o primeiro amor
Creio que nada marque tanto a vida da gente como o primeiro amor, a primeira paixão. E apesar do filme retratar essa paixão adolescente, não vejo a necessidade de que essa coisa toda tenha que acontecer exatamente neste período da vida. Quando acontece, não importa a idade, as diferenças, as circunstâncias. Quando bate mais forte, por mais ilusório que possa ser, por mais impossível que possam julgar, esse sentimento nos faz flutuar, nos torna invencíveis e sem medo, nos permite voar, nos faz ir além...

Não podemos ter medo de demonstrar nossas fraquezas, nossas vergonhas
Disse Nietzsche que "as convicções são maiores inimigas das verdades que as mentiras". Assumir uma limitação, quase sempre, pode nos livrar de situações piores, mais drásticas. Por mais difícil que seja, é sempre melhor encarar a verdade do que dar lugar à mentiras que justifiquem algum tipo de comportamento falho, alguma falta cometida. Pelo menos, assumindo nossa fraqueza, nivelamos quem somos em nosso íntimo, para a sociedade e para nós mesmos. Creio que o evangelho pregado por Jesus nos ensina a sermos assim: reconhecendo nossas limitações, aceitando o próximo nas suas e vivendo em amor, conscientes de que todos somos igualmente carentes da Graça e da Misercórdia.

Devemos deixar as mágoas do passado lá no passado
Alguém que nos feriu lá atrás pode estar precisando de algum tipo de ajuda agora. Estender a mão é o caminho certo. Sempre. Não somos capazes de medir o impacto de nossas atitudes de amor na vida de outra pessoa. Lembre-se daquela música do Renato Russo: "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade, não há". Acrescentaria à letra "como se não houvesse amanhã, NEM ONTEM". O que temos é o hoje, é o agora. O que fazemos agora pode ecoar para a eternidade, mas precisa ser feito hoje, independente de qualquer outra coisa.

Nunca é tarde para nada
Seja para aprender a ler, para escrever, para viver um grande amor, pra fazer o bem, pra começar de novo...nunca é tarde! No clássico "Odisséia", amplamente citado durante o filme, escreveu Homero: "o final é o meu começo". No ano passado, assisti a uma palestra do Dr. Jürgen Moltmann, renomado teólogo alemão, onde uma frase dita por ele ficou marcada em minha mente: "todo final traz embutido um novo começo". It's never too late! Mais um conceito que pode ser apreendido das pregações de Jesus de Nazaré, feitas há mais de dois mil anos atrás.

E, por fim, não tem como deixar de citar o que podemos aprender com a visita do advogado Michael Berg, interpretado por Ralph Fiennes, ao luxuoso apartamento daquela sobrevivente de Auschwitz, em Nova Iorque: cuide para que a vitória sobre os traumas e dificuldades do passado não encham seu coração de soberba.

Às vezes, pessoas boas vão se dar mal e pessoas más vão se dar bem. Não cabe a nós julgar nem uma, nem outra. Cabe apenas amar com sinceridade. Falando assim, parece tudo tão fácil...
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1 comentários:

Camila disse...

Bom, acabei de ver "O leitor" e acabei achando seu blog no google ao digitar "O final é o meu começo". Gostei muito do que você escreveu e dos comentários sobre o filme. Acho que é isso. Tenha uma boa noite.